domingo, 31 de julho de 2011

Acrescentando conhecimento !!!


A ABORDAGEM DA POBREZA RURAL NO CONTEXTO DAS NOVAS RURALIDADES

JAQUELINE MALLMANN HAAS
CLAYTON HILLIG HILLIG.

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural.

A pobreza tem sido um problema recorrente da sociedade humana. Nas áreas rurais esse problema tende a ser agravado, pois a pobreza atinge um maior número de pessoas e famílias, fruto das tradicionais dificuldades e/ou limitações de acesso a alguns serviços básicos. Identificar e compreender a realidade da massa de pobres e excluídos produzidos pelas transformações sofridas pela agricultura brasileira nas últimas décadas se faz de fundamental importância para melhores políticas públicas. No contexto brasileiro frente à emergência de uma nova ruralidade, objetivamos no presente trabalho, identificar como esta sendo tratada teoricamente a temática relacionada à pobreza rural e qual as implicações da forma de abordagem da mesma no contexto das novas ruralidades. Cientes que o problema da desigualdade e da exclusão das populações rurais mais vulneráveis é de natureza estrutural e não representa uma novidade, nas considerações finais do trabalho realiza-se uma reflexão de como as políticas públicas têm abordado e quais ações têm desenvolvido, no sentido da minimização da pobreza junto ao espaço rural brasileiro. No entanto, o quadro que se apresenta por final não permite alimentar perspectivas encorajadoras e imediatas favoráveis à diminuição da pobreza e da exclusão social no meio rural.

Frente às variadas tentativas, realizadas mundialmente, De Janvry e Sadoulet (2001 apud Mattos, 2006) propõe que a pobreza é multidimensional, estando associada não apenas a renda, mas a muitos outros elementos, em especial frágeis condições de saúde e educação. Outros autores, ainda analisando pobreza rural, indicam alguns problemas que consideram essenciais em relação a essa situação: nutrição insuficiente, problemas de saúde e educação deficiente; oportunidades escassas de emprego nas atividades agrícolas e não-agrícolas; e baixo-grau de organização para promover efetivamente os interesses rurais.

Assim nas discussões sobre pobreza, no contexto das novas ruralidades, uma das perspectivas mais utilizadas, é a alicerçada em Sen (2000), que propõe uma perspectiva baseada na forma de vida que as pessoas efetivamente levam. Sugere-se a necessidade de observação da avaliação que o próprio individuo faz da sua condição.

O autor propõe uma maneira diferenciada para se analisar bem-estar, utilizando um espaço informacional muito diferenciado daquele conhecido até então: Abordagem das Capacitações. Sen (2000, p.109), em sua discussão, coloca que a “pobreza deveria ser vista como privação de capacidades básicas em vez de meramente como baixo nível de renda”. Sen defende ainda que o ponto central é a ampliação da liberdade de escolha que as pessoas tem para “ser” e “fazer”, entendendo o desenvolvimento como “a expansão das liberdades substantivas que as pessoas desfrutam, e entendendo a liberdade como a expansão das capacidades humanas para levarem o tipo de vida que valorizam, e tem razão para valorizar” (Sen, 2000, p. 52).

Com o estudo foi possível a constatação de que os “pobres” do campo são tratados na teoria da nova ruralidade, igualmente a pobreza rural nas políticas públicas, ou seja:

[...] na grande maioria das vezes, a ênfase das políticas de combate a pobreza rural é setorial e com uma abordagem parcial (geralmente agrícola) dos problemas. Além disso, as políticas voltadas para a pobreza são geralmente assistencialistas, de curto prazo, gerando mais dependência do que formas de se resolver os problemas locais (GRAZIANO da SILVA, et al. 2002, p.56).

Os problemas ainda são muitos, há exemplo da habitação rural, que somente recentemente, veio a ser implantado o Programa Nacional de Habitação Rural – PNHR. Na questão saúde, nem ao menos temos uma política pública, em nível de país, que garanta um mínimo, pois muito poucas são as comunidades que dispõe de atendimento digno, com postos de saúde, com profissionais que ofereçam atendimento ininterrupto. Na questão Meio Ambiente, não temos políticas públicas, apenas leis, que por sua vez se fazem bastante rigorosas. Questionamos assim: Onde estão às políticas públicas para os excluídos de uma nova ruralidade?

Referências:

CARNEIRO, M. J. Ruralidade: novas identidades em construção. In: Estudos Sociedade e Agricultura. Rio de Janeiro: CPDA-UFRRJ, n. 11, Out. pp.53-75, 1997.

CARNEIRO, M. J. Multifuncionalidade da agricultura e ruralidade: uma abordagem comparativa. IN: MOREIRA, R. J. & COSTA, F. de C. (orgs.). Mundo rural e cultura.

MAUAD Editora, Rio de Janeiro, 2002.

CARNEIRO, Maria José & MALUF, Renato S. “Introdução”. In: MALUF, R. S. &.

CARNEIRO, M. J. (orgs.). Para além da produção: multifuncionalidade e agricultura familiar. Rio de Janeiro: MAUAD, 2003.

DEL GROSSI, M. E. & GRAZIANO DA SILVA,J. A Pluriatividade na Agropecuária Brasileira em 1995. IN: Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural, 36.

Anais, Poços de Caldas, Sober, v.2 , p.635-645, 1998.

GRAZIANO DA SILVA, J. O novo rural brasileiro. Campinas: Unicamp, 1999 (Coleção Pesquisas, 1).

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